sábado, 30 de maio de 2009

XI - A PRIMEIRA CAÇADA.

Na madrugada da manhã seguinte, quando o MENANDRO gritou o “acorda minha gente”, já de há muito estávamos acordados. Tomar banho, vestir, tomar café e preparar-se foi obra de um instante. Antes da partida, porem; reunimos-nos para o “Halali” de praxe. Falou nessa ocasião o chefe Dr. Jurandyr, que em breves mais sentidas palavras, propôs um “Halali” com duas salvas de estilo, sendo uma em reverencia a memória de parentes, amigos, atiradores e caçadores desaparecidos e, outra, dedicada aos perdigueiros mortos, esses humildes e fieis companheiros que tantas emoções nos proporcionam na caçada! Apelou ainda o orador para a ética do verdadeiro caçador, terminando por referir-se à honra e ao prazer de que achava possuído, não só em poder facultar à turma mais uma grande caçada, como ainda, por caçar na companhia de amigos leais e dedicados, entre os quais alguns de renome no firmamento da cinegética e do tiro ao vôo nacional. No, entretanto, e isso somos nós que o afirmamos, o que o orador não podia fazer, por questão de ética, o fazemos nós agora, incluindo entre os astros desse firmamento! A seguir foram executadas as salvas “Halali”. Finda a comovente cerimônia, a turma partiu em três grupos e direções diferentes para a “pegada” nas fazendas vizinhas. É preciso dizer que na véspera, preocupava-nos a seca que há mais de 30 dias persistia naquelas paragens. Nosso maior desejo, pois, era que chovesse pelo menos durante a noite, isto para refrescar os campos e não maltratar a cachorrada. Que pretensão absurda, não? Pois é, caros amigos parece inverossímil, mas aconteceu. E só podemos acreditar que nossas preces foram ouvidas, pois, durante a madrugada, como obra providencial, desabou forte chuva, continuando menos densa, mas persistente durante quase todo o dia. Esse fato, sem dúvida, fez melhorar as condições da caçada! A caça “espirrava” de todo o lado. E note-se, que já havíamos batido aquela zona por dois anos consecutivos e com resultados mais que compensadores. São os milagres da reprodução, que só se verificam quando o caçador deixa alguma caça para reproduzir...
Começamos debaixo de uma chuvinha que molhou a roupa, as botas, o corpo e até os ossos! Chuvinha cacete mesmo, mas que era gostosa, lá isso era!... Só o nevoeiro prejudicou um tanto; a visibilidade e a conseqüente orientação no campo, acarretando erros de referencias bem exaustivos. Nós por exemplo, quando julgávamos estar marchando em direção à casa da fazenda do estimado Sr. Pedro Dangui, fomos bater na casa de outra fazenda, com um pequeno desvio de 6 quilômetros! Safa! Mas voltemos à caçada. Apesar da chuva e da macega molhada, os cães farejavam a caça com maior facilidade. Este fato põe por terra o critério de que com chuva a caça não anda e o perdigueiro perde o faro na macega molhada, Pois, prezados e valorosos confrades de Santo Humberto! Contrariando tal suposição, durante essa “pegada” com grande estilo, de todos os lados ouvia-se um intenso “pipocar” de tiros e quando a turma regressava ao acampamento quase ao escurecer. Muitas codornas haviam sido abatidas, nelas se incluindo várias dezenas de perdizes bem “taludas”. E atendamos a este fato bem curioso: nos demais dias da temporada fez um tempo magnífico, batemos outras zonas de caça abundante e com resultados sastifatórios. Entretanto, em nenhum desses radiosos dias de sol, pudemos superar o total abatido no primeiro dia, chuvoso e frio!

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