É praxe nossa, nas grandes caçadas, reservar de dois em dois dias um dia para repouso nosso e dos perdigueiros. Nesse dia o reboliço no acampamento é completo. Camas, colchões e cobertas ao sol, limpeza de armas e lavagem de roupa, praticávamos nudismo, tomávamos banho e dávamos banho nos perdigueiros, arrumávamos as barracas, limpávamos o acampamento, fotografávamos e o PALMIERI, o emérito cinegético, sempre desprendido, filmava as melhores cenas. Como nos anos anteriores, muitas e muitas vezes, renunciou até o prazer de caçar, a fim de filmar companheiros ou fazes da caçada! Estamos certos de que ele, com a competência de sempre, soube fixar nos celulóide os ângulos mais interessantes. De permeio a essa atividade febril, atendíamos aos fazendeiros que vinham retribuir nossas visitas e aos quais distraiamos com palestras ou com a rica “coleção de cartões”, quase sempre passada de mão em mão com explosões de gargalhadas... O total da caça era dividido em partes iguais entre todos os caçadores da turma, sendo digna de registro a amável desistência do MENANDRO e do HELADIO, cujo total reverteu em beneficio dos demais companheiros. A fiscalização do desvisceramento da caça, a separação, a contagem e acondicionamento em sacos de lona, cuja cor variava para cada grupo de 4 caçadores. Era tarefa por demais árdua e dela se desincumbiu, impecavelmente, o Dr. JURANDYR VIANNA ESTEVES, nosso chefe insubstituível e principal esteio de todo o sucesso de mais essa grande caçada! Nesse dia, também se fazia a verificação do “Livro-Caixa”, de cuja contabilização esteve encarregado o simpático PEDRÃO, esse fidalgo companheiro que em poucos anos se revelou uma das maiores figuras da cinegética paranaense. Obrigado discricionariamente pela turma a improvisar-se perito na difícil arte dos números, nosso PEDRÃO fez alguns pequenos enganos... Lançou parcelas do “debito” na coluna do “credito” e vice-versa, fazendo uma confusão tremenda! Na verificação periódica do “caixa”, quem sofria pânico era o JURANDYR, que também acumulava as funções de tesoureiro. Tanto é verdade, toda a vez que ele perguntava ao PEDRÀO qual o saldo em caixa, este dava um saldo sempre bem maior do que o dinheiro que o JURANDYR tinha nos bolsos. Seguia-se sempre, entre os dois uma delicada troca de insultos. Mas no fim, dava tudo certo. MENANDRO BLANC o infatigável companheiro de “farras” do HELADIO o “pau para toda obra”, e durante toda a caçada foi tão elevada a sua eficiência que consolidou ainda mais a alcunha de “Búfalo Bill” e o justo renome de “Primus inter pares” dos caçadores paranaenses. HELADIO, o nosso discreto e legendário “major”, cuidava com todo zelo da intendência geral e não desmereceu a fama de grande caçador. O elegante e simpático; Dr. JUTAHY VIANNA ESTEVES, irmão do chefe, alem de atuar com destaque e pujança certeira dos tiros, cooperou eficientemente com o Dr. POCI, outro exímio caçador, quer nos curativos de emergência quer atendendo, tanto no acampamento como nas fazendas, às consultas dos fazendeiros e sitiantes das redondezas. Ambos dispensaram aos pacientes as luzes generosas e benfazejas da medicina. JOÃO PEDRO MASINI, EZZIO VIGGIANI e os irmãos HUMBERTO e JOSÉ CICCARINO, foram ótimos caçadores e excelentes encarregados do acampamento. No, entretanto, é preciso que se diga que o mais sacrificado de todos esses encarregados, foi o calouro da turma, o nosso risonho e cordato EZIO VIGGIANI, também conhecido nas rodas familiares e peninsulares pelo cognome de “Zi __uete” (tio padre). Seu principal algoz, porem, foi o Dr. PALMIERI, que fez dele um verdadeiro “burro de carga” da barraca do POCI. Era “EZIO pra cá, EZIO pra lá, limpe isto, remova aquilo”, até o “vaso noturno” do PALMIERI o coitado era obrigado a despejar e lavar... E suportando os suplícios isso tudo o bondoso EZIO fazia... Compenetrado da sua condição de “calouro”, para ganhar os alamares de caçador-veterano! Também o JOSÉ CICCARINO merece as galas de outro destaque para salientar sua loquacidade... Em toda a temporada dos dezessete dias, o nosso bom “JUCA” falou, falou, mas falou no máximo umas... Vinte palavras! Em compensação, o irmão, o nosso HUMBERTO CICCARINO, falou por ele e por toda a turma! Por sua vez, “PEQUENININHO”, o paraguaio de coração paranaense e alma de brasileiro, esmerava-se no preparo da comida, fazendo, de vez em quando, surpresas culinárias para regalo de nossos estômagos. Vale a pena recordar, e isso o fazemos com “água na boca:”, a perdiz no leite, a codorna de caçarola e as repolhudas galinhas com recheio, assadas à maneira dos índios. O POCI e o CICCARINO, também faziam delicias na cozinha, chegando algumas vezes a desbancar o “PEQUENININHO”! O fato mais notável foi a inesquecível macarronada com molho de perdizes e codornas. Era preciso ver como estava cômico o CICCARINO, com aquele avental e gorro branco “a la” mestre cuca... Sobre um caixão previamente lixado e limpo, ele preparou a massa, estendendo-a depois com um pau roliço da barraca do POCI. Este, por sua vez, enrolou a massa, cortando-a em simétricos “talharins”. E com que agilidade; improvisaram tudo. É verdade que depois desse trabalho, havia farinha de trigo esparramada por todo o canto, na cozinha, nas barracas e até nas camas... Mas é verdade também, que duas grandes macarronadas foram feitas e delas não sobrou nem “tiquinho” pra contar a historia! Estavam realmente uma delicia! Não, não é possível. O POCI e o CICCARINO são tão; “bambas” na arte culinária que nos fazem pensar em duas hipóteses: ou noutra encarnação foram duas cobiçadas cozinheiras de alguma abastada família italiana ou, então, devem ter cursado alguma academia de “forno e fogão”. Queremos ficar na segunda hipótese. Todos, enfim, trabalhavam febrilmente nos dias de descanso, inclusive nós que fomos, mais uma vez, encarregados da reportagem descritiva e fotográfica da caçada e também do serviço de recepção ou relações exteriores... E, Oxalá possamos; ter correspondido à confiança que em nós foi depositada. Do contrario, só nos resta pedir benevolência à turma e aos amáveis e pacientes leitores desta consagrada “Caça e Pesca”, pelos senões ou lapsos voluntários e involuntários... Antes, porem; quero confessar que não temos pretensões literárias... E se o quiséssemos, nem poderíamos tê-las, porque para um quase analfabeto, mais difícil se torna a já difícil arte de escrever! Contudo, a reportagem não está terminada. Resta descrever a parte mais notável de toda a caçada e que constituiu seu capitulo mais honroso e culminante:
Depois da memorável caçada o jantar que a turma ofereceu ao Governador Adhemar de Barros na chácara da família Saraceni, S. Excia prestou carinhosa recepção à turma, acolhendo-a, com todas as honras da amizade, no salão vermelho do Palácio dos Campos Elíseos. Vemos, na foto a contar da esquerda: PALMIERI, POCI, JURANDYR, o secretário de segurança o Cel. de Aquino, s. excia o Governador Adhemar de Barros e EUGENIO SARACENI, de pé e na mesma ordem: CHICO VIEIRA, Cap. Condeixas, EZIO VIGGIANI, JOSÉ PEDRO MASINI, JOSÉ IMPÉRIO, Major Heládio Vidal Correa, MENANDRO BLANC, PEDRO DA ROCHA CHUERI, Dr. Benedito Véras, do Gabinete de Investigações.
Depois da memorável caçada o jantar que a turma ofereceu ao Governador Adhemar de Barros na chácara da família Saraceni, S. Excia prestou carinhosa recepção à turma, acolhendo-a, com todas as honras da amizade, no salão vermelho do Palácio dos Campos Elíseos. Vemos, na foto a contar da esquerda: PALMIERI, POCI, JURANDYR, o secretário de segurança o Cel. de Aquino, s. excia o Governador Adhemar de Barros e EUGENIO SARACENI, de pé e na mesma ordem: CHICO VIEIRA, Cap. Condeixas, EZIO VIGGIANI, JOSÉ PEDRO MASINI, JOSÉ IMPÉRIO, Major Heládio Vidal Correa, MENANDRO BLANC, PEDRO DA ROCHA CHUERI, Dr. Benedito Véras, do Gabinete de Investigações.
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