sábado, 30 de maio de 2009

XII - À VIDA NO ACAMPAMENTO.

No dealbar, acordávamos com o “acorda minha gente”, o toque de levantar ouvia-se distintamente dos capões próximos, a doce mistura de gorjeios, alvorada do MENANDRO, o primeiro a se deitar e sempre o primeiro a levantar-se, para “criminosamente” sacudir a turma que sonolenta... Continuava dormindo nas adoráveis barracas. O bom MENANDRO; nessas ocasiões, dava-nos a impressão de um autentico algoz de Torquemada! E para confirmar essa impressão, dali a pouco voltava ele para acordar os mais preguiçosos! Para consegui-lo, porém punha-os em brio com a seguinte pergunta repetida invariavelmente; todas as manhãs: - “Como é seus... (aqui vinha um pesado insulto)”. E, prosseguindo, - “Vocês vieram aqui caçar? Ou pra dormir!” O mais teimoso de todos era o PALMIERI, o nosso querido “ranzinza”, que só se levantava depois do café servido pelo “Pequenininho!” Sem a rubiácea saborosa e fumegante, não havia cristão que o tirasse da cama! “Questão de hábito”, dizia ele. Depois de nós, tudo lá fora despertava menos a insone cachoeira, sempre a reclamar, com o fragor de suas águas borbulhantes, o sono reparador que nunca virá... E apesar desse lamento incessante, da passarada e a tagarelice de centenas de papagaios e maracanãs, com suas cores bem brasileiras... Rápidos, sobre nós passavam pequenos bandos de marrecas assustadas e assustando os “socós”, as “saracuras” e as “curicacas” que, na margem do rio próximo “garimpavam” calmamente para o papo em jejum, os apetitosos restos de comida do acampamento... Como o lendário guerreiro “Guayracá”, lá nos campos estava os estridentes “quero-queros”, a protestarem contra nossa intromissão, com vôos curtos, graciosos, envolventes e mesmo provocadores!... Era a natureza a festejar o sol que despontava! E não era só a natureza, não. Quinze perdigueiros também afoitos por caçar; ladravam fazendo um barulho infernal... Era assim todos os dias o despertar em nosso acampamento.
A rotina quase sempre a mesma. Cedo íamos ao banho, e depois do chimarrão preparado pelo MENANDRO ou pelo “NHÔ BARRA”; sorvíamos delicioso café-reforçado, que valia por um almoço. “PEQUENININHO” cuidava de nossa “bóia” e “NHÔ BARRA” da dos perdigueiros.

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